Justiça concede prisão domiciliar ao Padre Airton Freire da Fundação Terra de Arcoverde
O Tribunal de Justiça de Pernambuco concedeu na manhã desta quinta-feira (24) à prisão domiciliar ao Padre Airton Freire, da Fundação Terra, em Arcoverde, no Sertão de Pernambuco. O religioso virou réu em dois inquéritos por estupro e outros crimes sexuais e atualmente encontra-se internado em um hospital no Recife.
No julgamento de habeas corpus, realizado pelos 3 desembargadores da Câmara de Caruaru , do TJPE, o advogado Marcelo Leal, que representa a defesa do padre, reiterou que o sacerdote é inocente, sofre severos problemas de saúde e é alvo de falsas acusações. A decisão se deu por dois votos favoráveis e um contrário.
“Na sustentação, deixamos claro que o padre corre, conforme os laudos médicos, risco altíssimo de morrer na prisão, onde não poderia ter atendimento médico adequado e rápido”, disse o advogado.
Estado de saúde do Padre Airton Freire
Aos 67 anos, o padre Airton Freire está internado desde 24 de julho no Real Hospital Português, após ter sofrido um pico de hipertensão arterial dentro do presídio para onde foi enviado após a Justiça decretar sua prisão preventiva.
De 24 de julho até está quinta-feira (24), o padre passou por duas cirurgias. Uma, no dia 14 de agosto, para trocar a válvula aórtica. E a última, na quarta-feira (23), para a implantação de um marca-passo.
Relembre o caso
- Em maio de 2023, a personal stylist Silvia Tavares veio a público denunciar ter sido estuprada pelo motorista Jailson Leonardo da Silva, de 46 anos, a mando do Padre Airton, que, segundo ela, se masturbava vendo o abuso. O crime teria acontecido em 18 de agosto de 2022
- A igreja suspendeu Padre Airton das atividades religiosas. Padre Airton também pediu afastamento da presidência da Fundação Terra e disse que as acusações são falsas.
- O motorista Jailson Leonardo da Silva se disse inocente, alvo de “denúncias fantasiosas”.
- No mês de julho, o Padre Airton foi preso preventivamente em Arcoverde.
- O Ministério Público, então, informou que havia cinco inquéritos abertos e que outras vítimas além de Silvia Tavares tinham sido identificadas.
- Uma das vítimas é um ex-funcionário do padre, que afirmou ter sido dopado e acordado só de cueca numa cadeira. Ele também disse que os abusos eram frequentes.
- Uma terceira pessoa que denunciou o padre foi uma mulher que diz ter sido vítima um ano e meio antes da violência relatada por Silvia Tavares. Ela afirmou que conseguiu escapar. ‘Toda vez que eu olho para um padre, vejo Padre Airton se masturbando’, disse.
- Silvia Tavares disse que, depois da denúncia, começou a receber ameaças de morte de seguidores de Padre Airton.
- Em 26 de julho, a Polícia Civil indiciou o padre e mais três pessoas e concluiu dois inquéritos sobre o caso.
- No dia seguinte, uma das pessoas indiciadas, Landelino Rodrigues da Costa Filho, foi preso em Garanhuns, no Agreste. Landelino estava foragido. Ele era responsável pela filmagem e gravação das missas e dos eventos com o religioso.
- Em 28 de julho, o Ministério Público informou que ofereceu denúncias à Justiça nos dois inquéritos concluídos sobre crimes sexuais.
- No início de agosto, a Justiça aceitou as denúncias e, com isso, Padre Airton e os três funcionários viraram réus.
- A defesa do padre disse que protocolou um pedido de investigação por fraude processual contra Sílvia Tavares, que, segundo os advogados, apagou mensagens e manipulou provas.
Por G1PE Caruaru