João Gomes dá show no Recife, mas violência mancha o dia
Uma casa da taipa cenográfica, símbolo sertanejo, montada num palco na zona portuária histórica do Recife, capital cortada pela água, era a síntese da realização de João Gomes nesta quarta-feira (17), com a gravação do DVD “Acredite”.
Os sucessos do moderno piseiro, que bebem de suas vivências e referências do interior, atraíram uma multidão para o Marco Zero. A apresentação não teve músicas inéditas como o esperado, sendo muito mais um registro em DVD “Digo Ou Não Digo”, seu atual disco de trabalho.
A produção interrompeu o show para informar que um drone da gravação desaparecido, o que gerou um sincero pedido de devolução. Na manhã desta quinta-feira (18), a produção do evento informou que o drone foi devolvido e entregue na CIATur – Companhia Independente de Apoio ao Turista.
Algo que também atrapalhou a organização foi a constante invasão de pessoas no palco – cerca de 20, entre meninas, meninos e crianças.
Para além do clima de festa no entorno do palco, foram registrados assaltos, brigas e até arrastões pelo Recife Antigo. Já nas pontes para acesso, grande parte do público sequer via a presença dos duas barreiras de vistoria prometidas num informativo da Prefeitura do Recife.
Como foi o show de João Gomes no Recife
Marcado para começar às 17h, o show iniciou por volta das 17h50. Um espetáculo pirotécnico antecedeu a entrada do cantor, que saiu da casa de taipa cenográfica e começou com o sucesso “Eu Tenho a Senha”.
João Gomes vestia um chapéu de vaqueiro e uma jaqueta de couro com uma Nossa Senhora costurada em prata nas costas – tradições sertanejas e fé são alicerces de sua persona midiática.
“Esse meu sonho está sendo realizado hoje, muito obrigado. Se você tem um sonho, não deixe ninguém duvidar dele, não. Confio no sonho que o senhor tem pra minha vida”, disse o jovem de 20 anos.
O show seguiu com “Dengo”, principal sucesso do seu álbum mais recente, e “Meu Pedaço de Pecado”. A performance do intérprete era bastante próxima da versão de estúdio, sem muitas variações vocais.
Antes das primeiras participações especiais, um medley de sucessos do TikTok agitou o público. Foi quando João recebeu uma farda da rede estadual de ensino do Governo de Pernambuco. “Tá ligado que é a mais famosa do Brasil, né?”, disse sobre a farda, que é viral nas redes sociais.
João Gomes recebe ‘bênção’ de Fagner
A participação de Fagner foi o momento mais atípico do show, pois foi quando as batidas repetitivas do piseiro deram lugar a uma instrumentação mais acústica. Fagner entrou tocando um baixo para começar o clássico “Deslizes”. Apesar das diferenças, houve sintonia entre a parceria.
“Será que consigo fazer o Fagner cantar piseiro?”, perguntou João, antes de cantar um dueto de “Lembra”. O veterano, então, virou o chapéu para trás e colocou óculos escuros, aceitando o desafio. Uma chuva atrapalhou a performance da dupla, que precisou repetir essa parte.
Mais participações
A cantora Yara Tchê, ainda desconhecida para grande parte do público, cantou em dueto “Esperando Você”, forró das antigas de Desejo de Menina que foi regravado por João no seu primeiro álbum. O público chegou a pedir um beijo dos dois. “Gente, eu sou uma senhorinha”, rebateu a cantora, ressaltando a diferença de idades.
Com Vanessa da Mata, João cantou “Só Você e Eu”, que ele regravou no seu segundo disco, e também “Amado”. Também houve sintonia.
O rapper L7nnon foi certamente a participação mais aclamada pelo público jovem. Dono do hit viral “Ai, Preto”, ele cantou um verso inédito de rap para o sucesso “Digo Ou Não Digo”.
Invasões no palco atrapalharam gravação
A partir daí, as constantes invasões do público passaram a comprometer a gravação do show. Quase 20 pessoas subiram ao palco: meninas, meninos e crianças. João Gomes recebeu todos os invasores de forma muito gentil, com abraços e fotos.
Para se ter noção, a música “Pode Ficar”, cantada com Tarcísio do Acordeon, foi repetida seis vezes – fosse pela chuva ou pelas invasões. Com o público já fatigado, Vitor Fernandes subiu no palco e repetiu uma música duas vezes.
Anunciado o fim da gravação, João Gomes disse que ainda tinha 30 minutos de show. “Agora que a festa vai começar”, avisou. Bem mais solto e à vontade, ele cantou “Riacho do Navio”, “Tropicana”, “Anunciação”, “Ana Júlia” e a autoral “Terra Prometida”.
“Fiquem com Deus e que a gente se encontre numa bem melhor”, encerrou o cantor, sempre com uma energia de jovem que está sempre se divertindo.
Por JC Online