Deborah Colker encena “Do Sertão ao Marco Zero” em Pernambuco
O Cão sem Plumas, poema de João Cabral de Melo Neto (1920 a 1999), vira espetáculo da companhia de dança Deborah Colker e está percorrendo o Agreste e o Sertão pernambucanos, nas regiões cortadas pelo Rio Capibaribe, para fazer uma apoteose no Marco Zero, no próximo dia 24. O cineasta pernambucano Cláudio Assis é o principal parceiro da coreógrafa no trabalho.
Assis está filmando e transformará o projeto “Do Sertão ao Marco Zero” em documentário, incluindo as viagens em que Deborah, sua equipe de criação e seus 14 bailarinos realizam oficinas de dança em formato de intercâmbio cultural com habitantes das cidades ribeirinhas: Belo Jardim, Brejo da Madre de Deus, Limoeiro, Nazaré da Mata, Recife e Itamaracá.
As imagens serão utilizadas também no espetáculo, que estreará em junho de 2017.
Na fábrica da Baterias Moura, patrocinadora do projeto que tem apoio do Instituto Conceição Moura, em Belo Jardim, Deborah Colker realizou uma oficina de dança e trocou experiências com funcionários, profundos conhecedores do que é narrado no poema de João Cabral. Ela explica que é daí que surge o nome de intercâmbio da residência artística. “Vamos ensinar o que a gente sabe e aprender o que não sabe”, diz Deborah que complementa: “Estaremos com pessoas que se confundem com a terra em que vivem, que sabem de onde vêm e o que querem afirmar. ”
Depois das oficinas, no dia 24, a companhia aporta no Recife, onde encena, às 19h, nas águas do Capibaribe, parte do espetáculo com participantes das experiências realizadas nos municípios do interior. Antes, o grupo ainda realiza intercâmbios culturais, entre 19 e 22, na Comunidade dos Coelhos, e depois, no dia 26, nos mangues de Itamaracá. Serão realizados saraus nas cidades, com apresentação de moradores.
No Marco Zero, a companhia mostrará cenas já ensaiadas do balé em uma balsa que navegará no Capibaribe, com transmissão para o público em telões. Participam da apresentação o poeta e cantor Lirinha, a Orquestra Santa Massa, o DJ Dolores e o grupo Frevotron. A trilha sonora do espetáculo está sendo composta por outro pernambucano, Jorge dü Peixe, da Nação Zumbi, em parceria com Berna Ceppas.
A direção de produção é de João Elias, fundador da companhia.
Os versos de João Cabral guiam tudo o que tem sido pensado em torno do espetáculo. “Ele é o timoneiro”, diz Deborah :que enfatiza “Mesmo as oficinas terão como matéria-prima o poema. Mas quero ter liberdade de olhar para ele do jeito que eu quiser. ”