Corrupção, agiotagem e lavagem de dinheiro: operação da PF e CGU investiga irregularidades na prefeitura de Água Preta
Deflagrada na manhã desta terça-feira (23), a Operação Dilúvio, da Polícia Federal (PF) e da Controladoria Geral da União (CGU) investiga a suposta contratação irregular de uma empresa pela prefeitura do município de Água Preta, na Mata Sul de Pernambuco, além de crimes de corrupção, desvio de dinheiro público, agiotagem e lavagem de dinheiro. Entre os investigados, está o prefeito da cidade, Noé Magalhães (PSB).
De acordo com a PF, o que levantou suspeita foi a contratação, de forma emergencial, de uma prestadora de serviços de manutenção corretiva e preventiva de veículos da frota do município. A empresa tem sede em Jaboatão dos Guararapes, a mais de 100 km de Água Preta.
Segundo a PF, a empresa contratada custeou despesas como passagens aéreas internacionais em classe executiva para o prefeito e sua esposa.
“Existe uma ligação entre um empresário, que teria ligação com essa empresa, apesar de não ser o sócio formalmente, e o gestor do município. Essa ligação está sendo aprofundada nas diligências, mas o que se sabe é que o gestor teria recebido, a título de pagamento de vantagem indevidad, passagens aéreas para viagens internacionais, cujo valor gira em torno de R$ 40 mil”, explicou o delegado da Polícia Federal Daniel Silvestre.
“Foi constatado que, através desse primeiro contrato, outros foram firmados, todos com suspeita de fraudes nos processos de contratação”, acrescentou.
Ao todo, 27 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF/5), foram cumpridos por 140 policiais federais, com apoio de servidores Receita Federal e da CGU, em nove municípios de Pernambuco: Água Preta, Cabo de Santo Agostinho, Catende, Gravatá, Jaboatão dos Guararapes, Palmares, Paulista, Recife e Tamandaré.
Houve buscas nas residências de suspeitos e em prédios públicos. Foram apreendidos dinheiro, armas, documentos e mídias digitais.
O delegado da Receita Federal Carlos Eduardo de Oliveira afirmou que o valor envolvido pelos crimes passa dos R$ 4 milhões.
“Com os dados que foram coletados, os computadores, os documentos, as informações levantadas podem levar a uma ampliação dessa investigação. Pode ter outros envolvidos. Existe um valor envolvido atualmente de R$ 4 milhões, mas isso pode ser ampliado muito. Existe sonegação fiscal, agiotagem, interposição fraudulenta, que é o uso de laranjas”.
O que mostram as investigações:
- A prefeitura da Água Preta contratou uma prestadora de serviços de manutenção corretiva e preventiva de veículos da frota do município;
- No entanto, a empresa contratada fica em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, a 110 quilômetros de distância de Água Preta;
- A distância chamou atenção dos órgãos de fiscalização, já que há várias outras empresas na região de Água Preta atuando no mesmo ramo;
- A operação investiga indícios de uma relação pessoal entre o prefeito da cidade, Noé Magalhães, e o proprietário da empresa contratada;
- Essa mesma empresa foi contratada pela prefeitura de Água Preta anteriormente, com indícios de fraude no processo licitatório e de superfaturamento.
Outros crimes
A operação também coletou evidências do uso de diversas contas de “laranjas”, empresas fantasmas e de postos de gasolina para movimentar dinheiro desviado dos cofres públicos. Entre os crimes, estão:
- Corrupção;
- Desvio de recursos públicos;
- Fraudes em licitação;
- Lavagem de dinheiro;
- Agiotagem.
Somadas, as penas máximas estimadas para os crimes investigados podem ultrapassar 40 anos de reclusão.
A TV Globo tentou entrar em contato com a prefeitura de Água Preta e com o prefeito Noé Magalhães, mas ninguém atendeu aos telefonemas nem respondeu os emails enviados. Também procurado, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) disse que não vai comentar o assunto.
Por G1PE