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Alta: BJ em 2017 foi o 3º município do Agreste onde mais se estuprou mulheres

Dados da SDS-PE mostram que no ano passado houve um aumento de 42% em relação a 2016

 

Foto: Marcello Jr/Arquivo da Agência Brasil

Os recentes casos de estupro registrados em Belo Jardim, Agreste de Pernambuco, em que duas jovens foram violentadas sexualmente dentro do banheiro do Live Music Bar, reascenderam o debate acerca de ações e movimentos com o intuito de combater a violência contra as mulheres. E não é para menos, os casos de estupro no município aumentaram em 2017 cerca de 42%, segundo dados da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE).

De acordo com as estatísticas do órgão estadual de segurança, ano passado 27 mulheres foram vítimas de estupro no município, ante 19 crimes do mesmo tipo registrados em todo 2016. Os números de 2017 colocam Belo Jardim como o terceiro município do Agreste onde mais se estuprou no período, atrás apenas de Caruaru e Garanhuns que possuem cada uma muito mais do que o dobro da população de Belo Jardim, que atualmente passa de 75 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo os números, Belo Jardim superou em número de estupro em 2017 até mesmo o município de Santa Cruz do Capibaribe, que atualmente possui cerca de 100 mil habitantes. Lá, foram 17 casos de violência sexual registrados ano passado, 10 a menos do que em Belo Jardim. Já este ano em solo belo-jardinense, de acordo com a SDS, já foram contabilizados cinco casos de estupro, mesma quantidade de Santa Cruz que tem mais habitantes do que Belo Jardim.

Casos de violência doméstica e familiar contra a mulher

Também conforme levantamento realizado pela SDS e publicado em dezembro do ano passado, os casos de violência doméstica praticados contra a mulher também cresceram em Belo Jardim, segundo o IBGE, passando de 171 em 2016 para 195 no ano passado, um crescimento de cerca de 14%.

O que causa em uma mulher o fato dela ter sido vítima de estupro?

Segundo a psiquiatra Sahika Yuksel, em entrevista ao site da BBC, os prejuízos à vida da vítima podem ser inúmeros e até irreparáveis. “Agressões sexuais podem levar a problemas físicos, doenças sexualmente transmissíveis e a uma gravidez indesejada. Por isso, é muito importante que a mulher violentada seja examinada rapidamente, para que as medidas necessárias sejam tomadas”, conta.

Conforme o ponto de vista da especialista, em mulheres vítimas de agressões sexuais “pode haver problemas de curto prazo ou de longo prazo, que precisam ser tratados ainda algum tempo depois do ataque. Seria ideal ter centros para o atendimento de mulheres que sofreram ataques, onde elas pudessem receber a ajuda necessária sem atraso. Um homem cuja parceira sofre uma agressão sexual pode passar por momentos difíceis e também precisa de apoio psicológico e social”, explica.

O que merece um homem que estuprou uma mulher?

Segundo Sahika, quem provoca esse tipo de situação “precisa reabilitar os que cometem crimes sexuais enquanto eles cumprem suas sentenças na prisão. Toda pessoa tem o direito de ser tratada e reabilitada”.

De acordo com ela, “há muitos programas de reabilitação que tratam criminosos sexuais em todo o mundo, e o risco de reincidência entre os participantes é bem mais baixo do que entre os que não têm nenhum tipo de ajuda na prisão. Esses programas são especialmente benéficos para adolescentes que cometem crimes sexuais”.

Ainda segundo “a esmepistaostaria de tocar em um ponto específico nesta discussão: há propostas de castrar criminosos sexuais e de trazer de volta a pena de morte. A pena de morte não é humanitária. Sabemos muito bem que nos Estados Unidos o número de crimes não diminuiu nos estados em que a pena de morte é aplicada. Essas medidas não são impeditivas”, conta.

Posicionamento da SDS-PE

A reportagem do BJ1 contatou a assessoria de imprensa da SDS-PE para saber o que tem sido feito para reduzir a violência contra as mulheres em Belo Jardim e também sobre o porquê do município ainda não contar com uma Delegacia da Mulher.

Em resposta, o órgão respondeu por meio de nota que “no caso do combate à violência sexual, esse trabalho vem sendo realizado pela Polícia Civil de Pernambuco. Só no primeiro trimestre de 2018, a PCPE efetuou 91 prisões por estupro, sendo 21 em janeiro, 31 em fevereiro e 39 em março. A maioria dos casos solucionados está no Agreste e Sertão do Estado, com 65 das 91 prisões”.

Ainda no texto, a SDS afirma “que os indicadores de violência sexual no Estado apresentaram queda de 6% entre os anos de 2016 e 2017”. Sobre os casos de Belo Jardim, a secretária se limitou a dizer “que o ano de 2018 inicia em tendência de queda. Foram cinco casos no mês de janeiro, contra nenhum registro nos meses de fevereiro e março.”
Da Redação

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