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Vaga com carteira de trabalho vira artigo de luxo no mercado

Do Diario de Pernambuco

Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

Nos quatro primeiros meses do ano foram fechados 378.481  postos de trabalho com carteira no Brasil. Somente em abril desapareceram 62.844 empregos formais. No acumulado de 12 meses, foram eliminadas 1,8 milhão de vagas. O recuo no mercado de trabalho foi registrado em 21 dos 27 estados, com destaque para os nordestinos, cuja perda foi de 26.992 ocupações formalizadas no mês e de 164.846 no ano.

Em Pernambuco, houve o fechamento de 5.255 vagas com carteira no mês e de 45.710 postos entre janeiro e abril deste ano. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apresentados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego demonstram a face perversa da recessão e do baixo crescimento econômico.

Mesmo com o desempenho negativo do mercado de trabalho formal em abril, o secretário substituto de Políticas Públicas de Emprego do ministério, Márcio Borges, apontou o arrefecimento da queda do emprego no país. Ele comparou abril deste ano quando foram eliminadas 62.844 vagas, com a perda de 97.828 em abril de 2015.

“Apesar de negativo é o melhor resultado dos últimos meses. Indica a desaceleração do nível de queda do emprego.” Borges evitou fazer projeções para 2016 argumentando que vai depender do cenário econômico e do grau de confiança na economia das empresas e dos empregadores.

Entre os setores econômicos, o comércio liderou a perda de 30.507 postos com carteira em abril no país. A construção civil apareceu em segundo lugar, com a eliminação de 16.036 vagas formais e o setor de serviços cortou 9.937 vagas. O corte de empregos no comércio é registrado em todas as regiões. Segundo Borges, este movimento decorreu da queda da demanda das famílias, que diminuíram as compras. No acumulado do ano, foram fechados 192.457 postos formais no comércio do país.

Nordeste
Quase a metade dos empregos (26.992) perdidos com carteira em abril está concentrada no Nordeste. Pernambuco e Alagoas lideram com o corte de 5.255 e 7.102 vagas, respectivamente. “A perda de empregos líquidos em Pernambuco é maior do que em São Paulo”, sinaliza o economista e consultor Écio Costa. Ele mostra o encolhimento do mercado local com a crise da Petrobras e a paralisação dos investimentos em Suape. Foram perdidos 88 mil postos formais em 2015 e 45 mil vagas nos primeiros quatro meses deste ano.
Segundo o economista, a situação é grave porque a perda de empregos com carteira foi registrada nos setores de comércio e de serviços, onde se concentra o PIB pernambucano. Os municípios da Região Metropolitana do Recife foram os mais afetados com o fechamento de 7.414 postos formais em abril. Recife tem o saldo negativo 1.995 vagas com carteira assinada no mês.
Para o professor de Cenários Econômicos da Faculdade dos Guararapes (FG), Tiago Monteiro, as regiões polo do Nordeste, como Pernambuco, Bahia e Ceará, sofrem mais forte o desemprego porque os efeitos da recessão batem primeiro nas áreas mais industrializadas do país, como o Sudeste e o Centro-Sul. Segundo ele, os nordestinos são duplamente penalizados porque têm os rendimentos mais baixos, fruto da baixa qualificação da mão de obra.
Monteiro considera que o cenário econômico ficou menos nebuloso com as medidas adotadas pelo governo para conter os gastos públicos e a aprovação da nova meta fiscal pelo Congresso. “São variáveis importantes para dar tranquilidade àpolítica econômica. Mesmo com o PIB negativo neste ano, se o país sair da recessão poderá voltar a gerar saldo de empregos líquidos a partir de 2017″.
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