A interiorização de universidades públicas tem transformado a realidade socioeconômica de muitos municípios Brasil afora e, em breve, também deverá ocasionar o mesmo em Belo Jardim, no Agreste de Pernambuco, com a chegada do campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que será lançada oficialmente no município pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, no próximo dia 5 de março.
Só para se ter uma ideia de um exemplo vivo do impacto na economia de um município que causa a chegada de uma universidade, em Laguna, município no litoral catarinense distante 118 quilômetros da capital do Estado, Florianópolis, a chegada em 2006 da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc) fez com que a economia do município – que antes só tinha grande fluxo nos períodos de alta temporada devido a praia – passasse a ter bom desempenho o ano todo.
Depois da abertura da universidade em Laguna, grande parte dos estudantes passou a procurar a Praia do Mar Grosso para morar. Há seis anos, muitos estabelecimentos comerciais funcionavam somente no verão e a movimentação era fraca na baixa temporada.
O que se vê atualmente é outra realidade. O fluxo de pessoas e moradores cresceu na baixa temporada. O comércio local está aberto o ano inteiro, inclusive nos finais de semana, em horários diferenciados, das 10h às 20h. As principais pizzarias e restaurantes da cidade ficam neste balneário. Os bares e casas noturnas também.
Os apartamentos, que antes estavam fechados, agora abrigam grupos de estudantes. Hotéis e pousadas também fazem pacotes para mensalistas. A praia recebeu novos mercados, lojas de produtos e serviços, academias, salões de beleza, casa lotérica, entre outros estabelecimentos.
O setor imobiliário passou a trabalhar com uma nova fatia de mercado. Os imóveis que antes ficavam ‘fechados’ durante o ano, agora são disponibilizados aos estudantes, através de contratos por ano letivo. “Os estudantes saem no verão, durante as férias estudantis, e retornam após o carnaval”, comenta a corretora Joseane Leite, da Imobiliária Lagunense.
Empresários belo-jardinenses já comemoram e demonstram confiança no impacto positivo que a UFRPE campus Belo Jardim deverá causar no comércio local.
Presidente da rede Farmácias Cavalcante, o empresário Antônio Cavalcante faz uma avaliação matemática bastante favorável para o mercado local com a vinda da UFRPE. “Eu comparo a chegada de uma universidade pública a um município como a chegada de uma indústria, pois cada estudante que sai da sua cidade de origem para estudar e morar em outra, em média, ao menos um salário mínimo (R$ 957), então imagine, por exemplo, uns 400 alunos trazendo essa quantia para gastar mensalmente no comércio de Belo Jardim? Será uma injeção financeira e tanto!”, projeta.
Empresário do ramo imobiliário belo-jardinense, João Celson vê a chegada da instituição pública de ensino superior a Belo Jardim como uma grande oportunidade para a comercialização de casas e/ou apartamentos. “Uma universidade numa cidade ela traz consigo diversos pontos positivos, e no setor imobiliário seria excelente, pois os resultados já devem vir mesmo antes dela se instalar, tendo em vista que há o processo de instalação e só isso já gera demanda por aluguel de imóveis. Portanto será um grande avanço para Belo Jardim”, afirma.
Inicialmente serão ofertados na Unidade Acadêmica de Belo Jardim da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UNABJ), os cursos de engenharias química, de controle e automação industrial, da computação e hídrica, contando com cerca de 1.600 estudantes.
Os cursos terão duas entradas anuais com 40 vagas por semestre letivo, resultando em 80 vagas anuais por Curso. A carga horária dos cursos de engenharia deverá ser de 3.915, distribuídas em 5 anos, ou seja, 10 períodos.
A ideia é que até a conclusão do novo prédio, que vai funcionar em terreno cedido pelo Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), às margens da BR-232, a UNABJ funcione em instalações provisórias.
A definição de implantação do novo campus da UFRPE é uma das marcas da programação do centenário da instituição, com a implantação do Polo de engenharia e Inovação tecnológica.