Tupperware: Donas de casa lamentam perder linha de potes de armazenamento que virou essencial na cozinha
A Tupperware Brands está se preparando para solicitar a falência ainda esta semana nos Estados Unidos, segundo pessoas com conhecimento dos planos, após anos de esforços para revitalizar o negócio em meio à queda na demanda, segundo apurou a agência de notícias Bloomberg.
Até agora, o que se sabe é que os preparativos para o pedido de falência seguem negociações prolongadas entre a Tupperware e seus credores sobre como administrar mais de US$ 700 milhões (R$ 3,6 bilhões) em dívidas. Os credores até concordaram em dar à empresa um prazo adicional devido à violação dos termos do empréstimo, mas a situação continuou a se deteriorar.
Se isso acontecer e a Tupperware vier a fechar, o Brasil vai perder (assim como em vários outros países) uma das mais icônicas marcas de utilitários domésticos das cozinhas, presente no imaginário da dona de casa.
Na verdade, qual a dona de casa que nunca teve na cozinha um pote, um conjunto de potes ou uma coleção de itens de armazenamento? No Brasil, Tupperware virou substantivo para vasilhame de plástico de armazenamento de comida.
Tão forte que, após ser fundada há mais de 76 anos, está no Brasil desde 1976, onde revolucionou a maneira como o mundo armazena, serve e prepara alimentos. A marca Tupperware virou objeto de desejo e esteve presente em todas as listas de casamento, pelo prestígio que dá às cozinhas das novas donas de casa.
É preciso reconhecer a empresa por inovar para o benefício dos consumidores, projetando produtos funcionais e ambientalmente responsáveis que as pessoas amam e confiam. A Tupperware foi uma das pioneiras no modelo de negócio da venda direta, que é realizada por meio de mais de três milhões de representantes independentes em mais de 80 países. No Brasil, o escritório de vendas fica em São Paulo, e no Rio de Janeiro está localizada a fábrica.
Em junho, a empresa planejou fechar sua única fábrica nos EUA e demitir quase 150 funcionários, marcando o início do fim de uma jornada que começou em 1946, quando o fundador Earl Tupper inventou seu vedante flexível e hermético. A marca rapidamente se espalhou nas casas americanas, principalmente através de festas de vendas organizadas por mulheres suburbanas.
Brownie Wise teve a ideia que mudou tudo: para apresentar os diferenciais dos produtos para os consumidores, ela criou as famosas “Reuniões Tupperware®”. Nelas, as consultoras mostravam e ensinavam como usar cada item em um encontro divertido com suas clientes. Desde então, a marca vem ganhando cada vez mais espaço, levando praticidade para lares em todo o mundo.
O fato dos produtos da Tupperware durarem muito é outro diferencial. Mesmo com o aumento das embalagens descartáveis, o uso de potes dos mais variados tamanhos não diminuiu nos armários das donas de casa. A linha Tupperware é vista como premium — não a mais barata, mas a que dura mais que a concorrência.
Ela também se adaptou às novas tecnologias. Quando o micro-ondas passou a fazer parte das cozinhas, a Tupperware lançou produtos específicos para esse uso, com design e tecnologia para aquecer ou preparar refeições com segurança.
O possível fechamento da Tupperware tem motivado análises de mercado que sugerem que o mesmo fator que ajudou a tornar a marca icônica — as reuniões Tupperware — deixou de ser um canal importante. Embora ainda venda pela internet e tenha lojas e milhares de revendedoras, a empresa deixou de ser tão atraente para novas famílias, que agora têm mais opções de concorrência.
A Tupperware continua relevante, com linhas de Armazenamento, Eco Tupper, Infantil, Micro-ondas, Preparo e Servir. Recentemente, inovou com bolsas de silicone para freezer, que otimizam o espaço e garantem a conservação dos alimentos.
De qualquer forma, a presença da Tupperware nas cozinhas brasileiras ainda é forte. Afinal, em qual cozinha no Brasil não existe ao menos um pote original da Tupperware?
Por JC Online