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Rede estadual reforça esquema contra microcefalia no interior

Do Diario De Pernambuco

Foto: Wagner Ramos/SEI

Pernambuco adotará nova estratégia para lidar com o aumento dos casos de microcefalia, já presentes em quatro a cada 10 municípios do estado. Além do Recife, hospitais nas cidades de Caruaru (Agreste), Serra Talhada e Petrolina (Sertão) começarão a atender os pacientes das respectivas Gerências Regionais de Saúde. A medida visa dar celeridade aos diagnósticos e desafogar os centros de referência da capital. O anúncio oficial da força-tarefa conjunta com o interior deverá ser feito hoje, mesmo dia em que serão atualizados os boletins de ocorrências de casos pelo Ministério da Saúde e Secretaria Estadual de Saúde (SES).

O ministério já calcula mais de 500 casos de microcefalia. Até o fim do ano, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estima que serão cerca de 2 mil. Em Pernambuco, são 268 casos notificados e 102 confirmados, de acordo com o último boletim. Até então, os pacientes – inclusive do interior – estavam se deslocando para o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), o Centro Integrado Amaury de Medeiros, o Imip e a AACD.
Metade dos atendimentos da infectologia infantil do Huoc, atualmente, é apenas de microcefalia. “É uma demanda muito grande, que a gente não comporta. Não temos pacientes só de microcefalia”, ressaltou a infectologista do Huoc Regina Coeli. Ontem, pelo menos oito mães procuraram a unidade, incluindo uma de Exu, cidade no Sertão, a 628 km do Recife.
“Estamos marcando uma média de cinco a oito pacientes por dia, para realizar a coleta e a tomografia. Sabemos que o deslocamento do interior para a Região Metropolitana é complicado, as prefeituras estão precisando reorganizar a agenda dos carros”, acrescentou a chefe do serviço de Infectologia do Huoc, Ângela Rocha.
Em Caruaru, a unidade referência será o Hospital Jesus Nazareno. O Dom Malan ficará responsável pelo atendimento dos casos em Petrolina e deve absorver também parte da demanda da Bahia. Em Serra Talhada, o Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães (Hospam) fará o mesmo papel. A escolha das unidades de saúde levou em consideração a estrutura, o corpo técnico de profissionais e a localização geográfica.
A SES não divulgou a quantidade de registros por município. Caruaru tem quatro casos confirmados e dois em investigação. Em Serra Talhada, há pelo menos um caso confirmado. Os dados foram repassados pelas respectivas gestões municipais. Na AACD, dos cinco pacientes com procedimento aberto, um é de Surubim, Agreste. Até a próxima sexta-feira, o Huoc fechará balanço interno com o local de nascimento de cada paciente atendido.
Além da atualização do quantitativo de casos, será divulgado hoje também o protocolo para gestantes e uma atualização do protocolo de atendimento às crianças. Ontem, o governador Paulo Câmara (PSB) se reuniu com deputados federais e estaduais para informar as ações desenvolvidas pelo estado.
Ontem, a presidente Dilma Rousseff (PT) cobrou à equipe interministerial o envio de três relatórios diários sobre as ações direcionadas à microcefalia. O governo federal também lançará campanha informativa.

/Fotos Publica

Casos de zika notificados como dengue

O zika vírus, apontado como a principal hipótese no aumento do número de casos de microcefalia no Brasil, ainda não é notificado em Pernambuco. O Brasil não dispõe de um sistema de informação para cadastro da doença, introduzida no país depois da Copa do Mundo. A ausência do sistema impede o cadastro pelas equipes de controle epidemiológico e pode comprometer o acompanhamento dos casos de microcefalia, caso comprovada a relação entre as duas. Em Pernambuco, por exemplo, o zika permanece sendo notificado como dengue.
“Muitas pessoas já tiveram dengue, então é pouco provável que haverá uma explosão de casos da doença no próximo ano. Porém, podemos ter mais casos de chikungunya e zika. Só que não temos como detectar o zika pela falta do sistema de informação”, lembrou a coordenadora de Controle da Dengue e Febre Chikungunya da SES, Claudenice Pontes.
Segundo ela, a única prevenção disponível hoje é o controle do mosquito vetor. O estado, porém, deverá fechar o ano com o índice de infestação mais alto que o planejado. “Temos hoje 61 municípios em situação de risco”, alertou Pontes. Pernambuco tem quatro casos confirmados de zika e 264 amostras coletadas, em unidades sentinela na RMR, em análise laboratorial.
A expectativa é de que o estado finalize o plano de combate ao mosquito, com ações para 2016, até o fim desta semana. O documento lançará mão de estratégias específicas para várias situações hipotéticas previstas, como surto e epidemias.“Com certeza, 80% dos casos notificados como dengue foram de zika”,afirmou o pesquisador da Fiocruz Carlos Brito.

 

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