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Páscoa: preço do cacau dispara e chocolates devem ficar mais caros, dizem especialistas

Clima em regiões produtoras do fruto tem prejudicado produção e encarecido insumos

Foto: Internet

Quem tem costume de comprar chocolates na Páscoa, é bom começar a preparar o bolso. A menos de dois meses da data comemorativa, especialistas ouvidos pela CNN afirmam que os preços devem estar mais altos este ano — e desta vez a culpa é do clima.

Desde meados do ano passado, os preços do cacau têm renovado máximas de forma constante no mercado internacional, especialmente pelas variações do tempo.

O recente La Niña, por exemplo, já vinha impactando a produção global do fruto e, no último semestre, o El Niño aumentou as temperaturas e diminuiu a chuva em algumas regiões.

Isso reduziu ainda mais a produtividade dos cacaueiros nos dois principais países produtores do mundo: Costa do Marfim e Gana.

Outro motivo para a disparada é a chegada de ventos do deserto do Saara, chamados de Harmattan, ao oeste da África. Inclusive, o fenômeno pode ter sido um dos responsáveis pela morte de grande parte da florada do cacau na região.

E essa alta de preços deve ser repassada ao consumidor final nos próximos meses.

Fernando Vichi, COO do Grupo CRM, dono da Kopenhagen e Brasil Cacau, confirma que os preços dos chocolates na Páscoa deste ano terão um preço mais “salgado” do que o planejado em toda a indústria, justamente por conta da alta do mercado de cacau.

Ele explica que a produção para a Páscoa deste ano, começou entre setembro e outubro de 2023 para a maioria do setor, quando também foi definida a precificação dos itens.

“Quando a gente olha lá atrás, o preço do cacau rondava na ordem de US$ 3,5 mil a tonelada. Se a gente olhasse para média histórica de cinco anos, ele já estava de 30% a 40% mais caro”, afirma.

O executivo acrescenta que, na ocasião, a indústria acreditava que o preço do fruto já tinha atingido um patamar excessivamente elevado. No entanto, a cotação seguiu galopante, passando para US$ 4 mil na virada do ano e, recentemente, alcançando a cifra de US$ 6 mil.

“Obviamente que a fotografia de hoje, o preço de hoje em tela, não vai influenciar mais a Páscoa, porque toda a indústria comprou cacau lá atrás e se preparou, mas efetivamente a indústria fez a Páscoa de 2024 com um cacau de 30% a 40% mais caro do que ela fez a Páscoa de 2023, então, sim, vai ter uma inflação”, acrescenta.

Mas, segundo Vichi, o percentual desse aumento vai depender da caraterística de cada produto.

Para itens mais simples, com embalagens modestas e mais industrializados, o custo de matéria-prima influencia mais o preço final do que outros, como gastos de mão de obra ou custos indiretos de fabricação.

“Em tese, esses produtos vão sofrer uma inflação um pouco maior”, afirma.

Por outro lado, produtos mais “elaborados”, com embalagens mais caras ou de produção artesanal, conseguem “diluir” o impacto do preço do cacau em relação aos demais custos de produção.

Apesar da alta dos preços, a Kopenhagen espera uma Páscoa recorde para este ano, especialmente pelo aumento significativo no número de lojas.

“Temos, sim, um reajuste de preço em relação à Páscoa do ano passado, mas pelo que já vimos do que tem de Páscoa no mercado, estamos vindo muito mais competitivos do que os reajustes que os demais players colocaram no mercado”, conclui.

Da redação

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