Educação

“O IFPE não mudou minha vida, o IFPE salvou minha vida”, diz estudante do Campus Pesqueira

Ações do Governo Estadual e Federal deram novas perspectivas para Felipe Alves Ferreira

Jorge Luiz/Divulgação

“O IFPE não mudou minha vida, o IFPE salvou minha vida.”, conta emocionado o jovem Felipe, filho da dona de casa Adriana Alves e do mecânico José Carlos Leite. O pesqueirense de 21 anos foi aprovado, recentemente, no curso de engenharia civil da UFPE, mas para alcançar essa vitória, teve que enfrentar muitas batalhas. O diferencial dessa inspiradora história é que ele reconhece a importância das políticas públicas inclusivas. Sem elas, afirma o ex-aluno do IFPE Campus Pesqueira, dificilmente obteria resultados satisfatórios, pois no Brasil ainda há muita desigualdade social.

O pensamento de mudança de vida de Felipe começou quando ele cursava o ensino médio na escola pública Cristo Rei, na cidade de Pesqueira, interior de Pernambuco. Por ter aptidão à língua inglesa, participou do Programa Ganhe o Mundo, do Governo do Estado. Seu excelente desempenho, proporcionou o intercâmbio no Canadá. A experiência foi de seis meses, porém foi o suficiente para mudar sua visão de mundo para sempre.

“O intercâmbio durou o equivalente há um semestre escolar. Cursei componentes curriculares de um jovem nativo daquele país e desejei aquela realidade para mim e minha família. Foi então que só mudaria de condição social e sairia da pobreza se estudasse muito.”, confessa satisfeito.

Jorge Luiz/Divulgação

Ao voltar para o Brasil, Felipe começa a investir pesado nos estudos e, em 2016, é aprovado no curso técnico em edificações na modalidade subsequente no IFPE Campus Pesqueira. “Foi tudo para mim, estudar em uma instituição federal que me proporcionou desenvolver muitos questionamentos, senso crítico e uma vontade enorme de crescer, evoluir pessoal e profissionalmente. Eu vi mais uma oportunidade que serviria como porta para entrar e caminhar.”

Entretanto, ao entrar no IFPE, Felipe se deparou com as dificuldades financeiras para custear transporte, alimentação e apostilas. Nesse momento, ele descobre que a instituição oferecia ajuda de custo aos estudantes vulneráveis socialmente, por meio do Programa Bolsa Permanência. “Com a ajuda das bolsas disponíveis no Campus, fui me desenvolvendo dentro da instituição. Permaneci apenas estudando. Consegui participar de monitorias e projetos de extensão. Decidi que enfrentaria o meu maior desafio, estudar para o ENEM e conseguir cursar graduação em engenharia civil na UFPE. Essa vitória tem meu esforço e dedicação, mas também devo às políticas de cotas e bolsas que o IFPE disponibiliza.”, enfatiza.

Para o professor doutor Bartolomeu Cavalcanti, um quadro de desigualdade social tão agudo como o brasileiro deve ser combatido com investimentos governamentais na assistência social. “Nossa herança histórica, assentada no latifúndio, no patrimonialismo, na escravidão, legou ao país toda sorte de iniquidades distributivas e de exclusões da grande maioria da população, agravadas hoje pela própria natureza excludente do modelo econômico. As políticas públicas devem emergir como meio primordial de garantir os direitos fundamentais das pessoas. Saúde, alimentação e educação são condições básicas que as políticas públicas devem proporcionar à população mais carente. Tais ações devem demandar deveres do público beneficiário. Isso deve ser encarado como um dos mecanismos de sua inserção social. Uma vez cobrado de algumas responsabilidades, instrumentaliza-se para exigir eficiência do que é assistido.”, destaca.

Cavalcanti ainda enfatiza que ações compensatórias são importantes tais como cotas para negros e alunos de escolas públicas, bolsas estudantis, “Bolsa Família”, porém é imprescindível promover mudanças na estrutura da sociedade. “A possibilidade de acesso aos diversos bens sociais fará as pessoas vislumbrarem a sua independência financeira e uma vida digna. Numa sociedade tão iníqua como a nossa, para se enxergar essa possibilidade no horizonte, são primordiais políticas sociais que tenham como objetivo a igualdade de oportunidades. A conjugação de tudo isso erigirá um contexto social de maior equidade, tornado possível julgar as pessoas a partir do que lhes foi proporcionado. Caso contrário, jamais se poderá cobrar mérito daquelas às quais tudo foi negado.”, acrescenta.

Atualmente, o IFPE dispõe 50% das vagas de seus vestibulares a estudantes de escolas públicas. Essas cotas são subdivididas entre os que têm renda familiar per capita de até 1,5 salário mínimo e os que têm renda superior a essa faixa, subdividindo-se, ainda em subcotas voltadas aos que se autodeclararem pretos, pardos ou indígenas e também às pessoas com algum tipo de deficiência. 

Da Redação

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