Direção do HC e profissionais terão nova rodada de negociação
Marina Mahmood/Folha de Pernambuco
Uma nova rodada de negociação entre a direção do Hospital das Clínicas (HC), ligado à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), médicos residentes e chefes de setores do hospital está marcada para às 16h desta quinta-feira (30), na sede do Conselho Regional de Medicina (Cremepe). O objetivo é que o conselho negocie um acordo entre as partes.A greve dos profissionais começou há 20 dias. Eles reivindicam melhorias urgentes no HC e o reabastecimento dos estoques de medicamentos e insumos. Eles afirmam que a mobilização só será encerrada depois que a direção e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) apresentarem um plano de ação para o HC.
Além da parada dos residentes, a unidade enfrenta ainda a greve de 1,4 mil técnicos administrativos do quadro de servidores públicos, que iniciou em junho. Diante dos movimentos paredistas, que escancararam múltiplas deficiências do hospital, quem mais sofre é o paciente. Muitos deles têm voltado diariamente para casa sem atendimento. A maioria deles vem de longe.
Damião Silva, 22, veio de Petrolina, no Sertão, para uma consulta já marcada com um ortopedista. “Sai de 14h30 de ontem (terça) e cheguei às 6h de hoje para não ser atendido. Nós que estamos pagando. E não só por ficar sem médico, mas também pelo prejuízo financeiro das viagens”, reclamou.
Como os residentes respondem por uma parte importante dos médicos da unidade muitos procedimentos estão em prejuízo, a exemplo da oftalmologia e da cirurgia. Não se consegue nem marcar, nem ser atendido por um profissional nas alas. No setor de oftalmo, cartazes indicam que estão suspensas as marcações de consultas e novos pacientes.
Antônio João Batista, 66, veio de Amaraji para fazer uma operação de catarata, mas ficou sem o procedimento. “Eu estava sabendo da greve, mas disseram que os procedimentos já agendados seriam feitos. Pelo visto os exames vão vencer e vou ter que refazer tudo de novo”, lamentou.
Movimento
Residentes fizeram panfletagem na manhã desta quarta-feira (29) no HC e à tarde foram protocolar no Ministério Público Federal (MPF) uma ação civil pública. O representante dos médicos, Pedro da Costa Mello Neto, disse que essa é a segunda tentativa do grupo de buscar intervenção do MPF na questão.
A primeira delas foi em 8 de abril. “Apesar de reconhecermos as várias problemáticas, principalmente da falta de repasse de verbas federais, não podemos admitir que a gestão não tenha nem controle do estoque da farmácia”, disse.