Política

Dinheiro do CaboPrev foi investido em fábrica de lanche para cães e gatos que nunca saiu do papel, diz gestão Keko do Armazém

O CaboPrev é o órgão gestor do regime próprio de Previdência Social do município

Foto: Divulgação

Na quarta-feira (5), em sessão remota da Câmara Municipal, os responsáveis técnicos do CaboPrev prestaram contas aos vereadores do município sobre a atuação do CaboPrev no ano de 2020.

O relatório da gestora Veritas Capital Management, contratada pelo CaboPrev para gerir os fundos do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos servidores do município, mostra que a antiga administradora da entidade permitiu investimentos de R$ 92 milhões em ativos de alto risco.

Deste total, pelo menos R$ 53 milhões não tem mais como voltar aos cofres públicos, mostra o documento.

Entre as piores, e mais vultosas aplicações, está a compra de debêntures da Holding Bittenpar Participações S.A, que lançou títulos de dívida privada para construir uma fábrica de snacks (lanches) de cães e gatos que nunca saiu do papel.

Segundo o balanço, essa empresa lançou R$ 158 milhões em debêntures no mercado e sua dívida atual ultrapassa R$ 273 milhões. Como garantia, a companhia tem apenas um terreno no valor de R$ 40 milhões.

De acordo com a apresentação, outro investimento de alto risco administrado pelo fundo Terra Nova, contratado em 2017 pelo CaboPrev, foi feito na compra de debêntures da XMasseto Participações.

“Essa empresa lançou R$ 40 milhões em crédito privado e hoje deve mais de R$ 60 milhões no mercado. Sua garantia de pagamento é de apenas R$ 5 milhões, relativos a uma cota de outra empresa do grupo. O dinheiro que a XMasseto captou no mercado tinha o objetivo de lançar uma segunda Bolsa de Valores brasileira, projeto que também não saiu do papel”, informou a consultoria.

A apresentação seguiu apontando problemas.

“A CaboPrev, através da Terra Nova, ainda aplicou, da mesma forma, alguns milhões na EBPH Participações, empresa alvo da Operação Greeneld da Polícia Federal, que investigou a atuação de uma organização criminosa contra Fundos de Pensão. Também foram feitos aportes em debêntures da CRI Porto Quality, que planejava construir um hospital em Belém e também na M. Invest Planejamento, que pretendia erguer um shopping center. A SPE Solair também recebeu recursos dos servidores do Cabo, num empreendimento de R$ 58 milhões que acumula dívida de mais de R$ 120 milhões atualmente. Nenhum desses projetos foi nalizado, o que leva a gestora Veritas a constatar que todo o investimento está perdido”.

Segundo a gestão municipal anunciou, em razão dos problemas, a área jurídica do CaboPrev planeja entrar com novas medidas judiciais contra as pessoas indiciadas na ação civil pública do Ministério Público do Estado (MPPE) sobre a má gestão dos recursos do CaboPrev. O consultor jurídico da entidade municipal, Jalígson Hirtácides, informou que não pode informar quem será acionado e nem que tipo de movimento será incluído na ação movida pelo MPPE.

“O processo corre em segredo de Justiça e futuras medidas judiciais serão intensicadas dada a constatação do prejuízo consumado de R$ 53 milhões”, disse.

Cascata de fundos

Os técnicos da Caboprev mostraram na apresentação que “os investimentos feitos pela Terra Nova geraram perdas de 70% no acumulado de 2020, prejudicando a rentabilidade do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) do Cabo, o que ajudou a somar uma perda global de R$ 74 milhões no ano passado”.

Uma parte das perdas também foi gerada pelo estresse do mercado nanceiro, no ano passado, por causa da pandemia do novo coronavírus.

Por Blog do Jamildo

Da redação

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