Notícias

Diante da crise, 160 mil pessoas já abriram mão do plano de saúde em Pernambuco

No Brasil, esse número já chega a 3 milhões de desistentes

Cerca de 60% dos contratos de planos de saúde hoje são empresariais, um tipo de benefício oferecido pela empresa ao seu empregado
Foto: Arquivo/Agência Brasil

Do Sistema JC Online

A queda no número de empregos formais tem atingido diretamente as operadoras de planos de saúde. Nos últimos cinco anos, só em Pernambuco, 160 mil pessoas deixaram de ter a cobertura dos planos de saúde, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No Brasil, esse número já chega a 3 milhões de desistentes. Cerca de 60% dos contratos de planos de saúde hoje são empresariais, um tipo de benefício oferecido pela empresa ao seu empregado. O dado é da Fenasaúde, entidade que reúne 15 operadoras de planos privados. Juntas, atendem 26 milhões de pessoas.

Atualmente desempregada, Rafaela Teixeira, 36 anos, tinha um plano empresarial até o ano passado, mas foi demitida e passou a usar o SUS para tratar a bromialgia e a artrose. Ela diz que a diculdade maior é com os exames, que demoram muito para serem marcados na rede pública. “Geralmente me consulto com o médico do SUS e faço os exames na rede particular, em clínicas populares”, diz Rafaela. A dificuldade para voltar a ter plano de saúde, diz ela, ainda é o preço.

“É muito caro. Fora de um plano empresarial não tem como”. A volta dos planos individuais, que hoje respondem por apenas 20% dos contratos ativos. Praticamente não há mais operadoras que ofereçam esse tipo de plano. “Hoje os planos individuais não são mais ofertados porque os reajustes autorizados pela ANS não cobrem o aumento dos custos. Produto que não se paga com o preço pelo qual pode ser cobrado não se sustenta”, armou, em nota, a Fenasaúde.

A Unimed Recife foi uma das últimas operadoras a oferecer planos individuais. Mas para Gustavo Araújo, superintendente da empresa, o modelo, da forma como está, não se sustenta. “Oferecemos planos individuais por quase 10 anos depois que o mercado começou a parar de oferecer esse tipo de produto. Mas não há mais sustentabilidade nesse tipo de plano porque a forma de controle dos reajustes por parte da ANS não cobre os custos com a inação médica (em torno de 20% ao ano) mais o custo das novas tecnologias e os custos com a frequência do uso por parte do usuário”, disse Araújo.

Planos individuais segmentados A proposta defendida pelo setor são planos individuais segmentados, com cobertura limitada há alguns procedimentos. O usuário escolheria as coberturas de seu interesse e pagaria um valor ajustado por isso. Os reajustes também seriam analisados por operadora, levando em conta a realidade e os custos de cada empresa.  Para o advogado Elano Figueiredo, especialista em planos de saúde e ex-diretor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a volta dos planos individuais, por si só, não signicará a redenção das operadoras.

Para ele, é necessário que haja a segmentação, além de outras ações. “Sempre acreditei que a segmentação favorece o acesso. Hoje, o rol de cobertura dos planos de saúde é bem extenso e ainda tem a obrigatoriedade de um atendimento muito completo. E isso deixa o plano de saúde muito caro. A segmentação vai deixá-lo mais acessível, porque os custos para operadora irão baixar e, por consequência, o preço ao consumidor, ao mesmo tempo que vai fomentar a sustentabilidade para a operadora”, armou. Elano defende ainda a adoção da franquia, em que o usuário pagaria uma mensalidade reduzida, mas, para usar a cobertura completa do plano, teria que pagar um valor extra, como acontece com os seguros, por exemplo. “A franquia era uma medida mais branda que a segmentação, mas foi revogada pela ANS no ano passado”, explicou o advogado. 

Da Redação

NOSSOS CONTATOS