Ameaça do suicídio avança entre jovens de até 30 anos, aponta OMS

Dados da entidade revelam que três de cada quatro pessoas que atentam contra a própria vida têm até 29 anos

Foto: Pixabay

Por Carlos Rocha, do Portal T5

Considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma epidemia de proporções globais, o suicídio avança entre os mais jovens. Dados da entidade revelam que três de cada quatro pessoas que atentam contra a própria vida têm até 29 anos.

Na Paraíba, uma iniciativa pretende trazer o tema à discussão em instituições, grupos e famílias, com a criação do Dia Estadual de Prevenção e Combate à Depressão. O projeto, de autoria da Deputada Estadual Camila Toscano (PSDB), foi aprovado, em junho de 2018, pelo plenário da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB).

A data escolhida, 12 de março, faz alusão ao dia do suicídio da advogada e jogadora de vôlei, Ana Helena Costa Lima, que lutava contra depressão. A advogada e arquiteta paraibana foi mais uma vítima da doença silenciosa e fatal.

Segundo o Ministério da Saúde, o suicídio é a quarta principal causas de morte entre pessoas de 15 a 35 anos, atrás somente de acidentes de trânsito, homicídios e doenças graves.

Especialistas sustentam que o diálogo franco e o entendimento dos motivos que levam a pensamentos suicidas podem reduzir as chances de alguém atentar contra a própria vida.

Para a psicóloga especializada em atendimento infantojuvenil Ana Paula Durante, a iniciativa soma por trazer um tema pouco discutido à tona na sociedade.

“Apesar dos avanços nas últimas décadas, o tema suicídio ainda é tabu. Muitas vezes, uma conversa mais franca ou um olhar atento na família pode evitar o pior”.

Escalada

De assunto velado a tema de série televisiva de sucesso, a taxa de suicídio na juventude disparou 10% em uma década no País. O Mapa da Violência 2017 – estudo anual com base em informações do Ministério da Saúde – indica que a taxa de suicídios na população brasileira de 15 a 29 anos subiu de 5,1 por 100 mil habitantes, em 2004, para 5,6, em 2014.

Segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), a média da Baixada Santista supera a nacional: por aqui, 6,6 pessoas tiram a própria vida a cada grupo de 100 mil – no Estado, a taxa é de 6,9. Trata-se de uma epidemia silenciosa que faz do Brasil o oitavo país em número de suicídios. O índice supera outras formas de morte violenta, como homicídios ou acidentes de trânsito.

O suicídio na juventude intriga médicos, pais e professores pelo paradoxo que representa: o sofrimento excessivo no período da vida associado a descobertas, alegrias e vínculos de amizades. Sandra Tarricone orienta familiares a identificar sinais que demonstrem quadro de depressão – distúrbio mental que pode levar ao suicídio. “Isolamento social, choro compulsivo, irritabilidade excessiva, mudanças bruscas de humor e agressividade devem acender o alerta. E a melhor forma de abordar (o adolescente) é o diálogo”.

Políticas públicas são limitadas

Levantamento da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) indica que após uma tentativa frustrada de suicídio, elevam-se em até quatro vezes as chances dessa pessoa atentar novamente contra a vida. E que nove em dez casos poderiam ter sido evitados com uma conversa franca. Apesar dos dados, ainda são tímidas as políticas públicas sobre o tema.

Da Redação

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