Pernambuco vive surto de esporotricose, doença que atinge gatos
Do Blog Coisas de Pet
Pernambuco tem registrado um alto número de casos, em 2018, de gatos com esporotricose, micose subcutânea causada pelo fungo Sporothrix schenckii. De acordo com a DrogaVET, responsável por manipulação de medicamentos veterinários, houve um crescimento de quase 500% no número de pedidos do itraconazol no estado entre janeiro e maio.
Um dos motivos relacionados a esse aumento do registro da doença pode ser a alta taxa de nascimentos de gatos no estado. Além de outros animais, a esporotricose pode atingir humanos.
“A doença raramente é grave em humanos, mas pode gerar lesões severas nos gatos, especialmente na cabeça, atacando progressivamente a pele, os músculos, ossos e, em casos mais graves, até os órgãos internos, resultando em óbito do animal”, afirma Andressa Felisbino, veterinária da DrogaVET.
O antifúngico indicado para o tratamento da doença nos pets pode ser manipulado. Há opção de cápsulas, pasta oral, suspensão ou xarope em sabores que os gatos gostam. Isso pode facilitar na hora de dar a medicação.
Prevenção
A veterinária explica que manter limpeza e higiene nos locais em que gatos frequentam é fundamental na prevenção da doença. Por ser um fungo, o Sporothrix schenckii prefere lugares quentes e úmidos para se desenvolver. Manter o ambiente e a caixa de areia do gato sempre limpos e arejados facilita na não contaminação.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) lançou, em 2017, um material para informar a população sobre a esporotricose. Na época, o objetivo era entregar folders explicativos sobre o fungo, sintomas, manifestações clínicas no homem e no gato, diagnóstico e tratamento, além de dicas de prevenção.
Em 2016, a SES implementou a vigilância da doença com a notificação de casos, diagnóstico laboratorial e oficinas de trabalho para definir diretrizes e fluxos com municípios. O diagnóstico pode ser clínico, que é o reconhecimento da lesão, ou laboratorial, quando se identifica o fungo. O diagnóstico e as análises laboratoriais em humanos na rede estadual são feitos no Laboratório de Endemias (Labend), unidade do Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE). No caso do animal, o Laben é responsável apenas pela análise laboratorial.
Confira a entrevista com a veterinária Andressa Felisbino
Coisas de Pet: Esse é o primeiro surto de esporotricose em Pernambuco?
Andressa Felisbino: Não, há uns 3 anos vivenciamos um surto, mas não com a intensidade do atual.
CdP: Além da castração, que medida de prevenção é efetiva no combate à doença?
AF: Higiene e limpeza podem ser considerados importantes métodos preventivos, pois o Sporothrix schenckii é um fungo, e como tal, adora lugares quentes e úmidos para se desenvolver. Mantenha o ambiente e a caixa de areia do seu gato sempre limpos e arejados! Na verdade a castração* em si não previne a doença, o que previne é evitar o acesso do gato à rua. Gatos semidomiciliados são um grande problema no controle dessa enfermidade. Quando tem acesso ao ambiente externo, além de aumentar as chances de contato do felino com o Sporothrix schenckii por si só, podem haver brigas entre os animais, e feridas na pele são portas de entrada do fungo. Lugar de gato é dentro de casa!
CdP: Os danos causados pela esporotricose são graves nos gatos? Eles podem morrer com a doença?
AF: Sim, são muitos graves. É uma doença severa, dolorosa, na maioria das vezes de rápida progressão e pode se tornar incompatível com a vida quando o tratamento não é instituído. Vale lembrar que estamos falando de uma zoonose, ou seja, ela pode ser transmitida aos seres humanos e é bastante grave na nossa espécie também. Os tutores devem usar luvas descartáveis ao tratar o animal enfermo.
CdP: Há registro de outros animais contaminados com a doença?
AF: Sim, mas ela é mais comum nos gatos.
CdP: O tratamento com a medicação leva em média quanto tempo para curar o gato?
AF: Isso depende de muitos fatores: tipo da esporotricose (cutânea, cutâneo-linfática, disseminada), intensidade e gravidade da doença, imunidade e condição geral do animal acometido, etc. Mas em média de 30 a 60 dias são suficientes.
CdP: Somente a medicação é efetiva no tratamento ou existem outras maneiras de tratar?
Somente medicação, de preferência associando 2 antifúngicos sistêmicos (administrados por via oral) e medicação tópica. Quanto mais rápido o diagnóstico e início do tratamento, maiores as chances de sucesso.
*A castração pode ser considerada preventiva porque costuma mudar o hábito do felino tornando-o mais caseiro, mas um gato castrado não está imune a esporotricose.